Especialista reforça importância dos exames de rotina para o diagnóstico precoce e preciso de diversos tipos de câncer nas mulheres
No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher (8/3), há uma importância em um olhar mais cuidadoso para práticas voltadas à saúde e bem-estar, entre as quais está a prevenção do câncer. Os principais tipos de câncer feminino envolvem mama, colo uterino, ovário e corpo do útero (endométrio). A maior parte dos tumores não apresentam sintomas em estágios iniciais, por isso a importância de realizar exames de rastreamento para diagnosticar as neoplasias no estágio pré-clínico, quando ainda são assintomáticas.
Levando em conta dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), os cuidados na região Sul devem ser redobrados devido ao avanço de algumas dessas neoplasias. É o que ocorre com o câncer de ovário, cuja incidência na região está em 6,90 novos casos/100 mil pessoas, enquanto a média nacional é 6,62/100 mil.
Além disso, na comparação com o levantamento anterior do Inca, o número de novas ocorrências previstas passou de 1.080 para 1.090. A alta acontece também com o câncer de mama, que passou de 10.890 novos casos estimados para 11.320. Já a incidência de tumor de endométrio aumentou de 6,53 novos casos/100 mil para 6,85 com previsão de 1.080 novos registros na região Sul, enquanto eram 1 mil no levantamento anterior.
O Dr. Tiago Giordani Camícia, oncologista e responsável técnico da Kaplan/Oncoclínicas em Uruguaiana cita que entre os principais fatores de risco para esse avanço estão a obesidade, sobrepeso, sedentarismo e consumo excessivo de alimentos hipercalóricos. Por isso, adotar um estilo de vida saudável, perder peso, praticar exercícios físicos, aliado a realização dos exames preventivos e consulta médica regular, são as principais ferramentas para prevenir e diagnosticar precocemente o câncer.
O especialista ainda explica que para o câncer de mama, a mamografia é o principal método de rastreio e deve ser realizado a partir dos 40 anos, preferencialmente, anualmente. Para o câncer de colo uterino, é importante a vacinação contra o HPV e fazer o exame preventivo do colo uterino a partir dos 20 anos. Já as neoplasias de ovário e endométrio não têm indicação de exames de rastreamento. “Mas é importante a investigação a partir de sintomas, como dor pélvica, sangramento uterino anormal, ou fora do período menstrual, sangramento ou dor durante ou após a relação sexual. Nesses casos o ginecologista é o médico mais apropriado para fazer o acompanhamento e diagnóstico dessas situações”, destaca.
Avanços
O oncologista relata que diversos avanços surgiram nos últimos anos para tratamento dos tumores femininos. “Em relação ao câncer de mama, a imunoterapia para o câncer de mama triplo negativo, tanto no cenário metastático quanto adjuvante, foi um grande diferencial, aumentando a sobrevida e taxas de cura da doença”. Já para esse tumor com receptores hormonais positivos, os chamados inibidores de ciclina foram incorporados garantindo um grande avanço no controle da doença metastática associada à hormonioterapia.
No caso do câncer de mama HER2 positivo ou HER2 low, o principal avanço foi com o medicamento Trastuzumabe-deruxtecano, que revolucionou o tratamento das pacientes no cenário metastático. Em relação ao colo uterino e endométrio, a imunoterapia é considerada o grande progresso para tratamento dessas pacientes em condições avançadas e/ou metastáticas. “Assim como ocorreu com os inibidores de PARP para pacientes com neoplasia de ovário, em situação metastática, garantindo controle prolongado de doença”, complementa.
Camícia ainda considera que os testes moleculares, para definir melhor o perfil tumoral, podem ser um grande avanço também em determinados tipos de tumores. Através de mutações específicas, é possível determinar quais tratamentos são mais eficazes em cada situação, garantindo uma terapia mais específica, individualizada e com maior precisão. Igualmente importante, em especial para os tumores de ovário e alguns tipos de câncer de mama, é a pesquisa de mutações hereditárias, auxiliando na avaliação genética e risco de desenvolvimento de novos tumores nos familiares.
“A cirurgia é o grande aliado ao tratamento oncológico. É importante que antes de qualquer procedimento, os casos sejam discutidos em reuniões multidisciplinares com opinião dos diversos especialistas: oncologista, cirurgião oncológico/ginecológico, mastologistas, radioterapeutas, para definir o tratamento mais individualizado e eficaz para cada paciente”, finaliza.