O ano de 2024 mal começou e já se desenha como um dos mais desafiadores para o Rio Grande do Sul, que enfrenta uma epidemia de dengue. Com mais de 2.500 casos confirmados, 93% dos municípios registrando infecção e dois óbitos, o Estado vive um dos maiores surtos da doença das últimas décadas.
Na tarde desta terça-feira, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), vinculado à Secretaria Estadual da Saúde (SES), confirmou a segunda morte decorrente da dengue em 2024. A vítima foi um homem de 65 anos, residente em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Anteriormente, na segunda-feira, a secretaria já havia reportado o óbito de uma mulher de 71 anos, em Tenente Portela.
Os dois óbitos são indicativos do agravamento da situação no Rio Grande do Sul. Em 2023, para efeito de comparação, a primeira morte foi registrada apenas em 16 de março. Naquele mesmo período do ano passado, o Estado contava com 873 casos autóctones, ou seja, originados no mesmo local onde ocorreram. Atualmente, esse número já ultrapassa os 2.500 casos, afetando 466 municípios gaúchos.
A bióloga do Cevs, Valeska Lizzi Lagranha, aponta que o cenário desafiador enfrentado pelos gaúchos é uma consequência direta dos eventos climáticos que assolaram o Estado na segunda metade de 2023.
“O Rio Grande do Sul tem enfrentado condições climáticas extremas, como chuvas intensas, ciclones e ondas de calor, resultantes do fenômeno El Niño. Esses eventos criaram um ambiente altamente propício para o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti. O mosquito necessita de água e calor para se reproduzir, e, neste momento, muitos locais ainda estão repletos de entulhos das enchentes passadas, proporcionando um ambiente ideal para a postura de ovos e o desenvolvimento das larvas”, explica Valeska.
A SES alerta a população sobre a importância de medidas preventivas, como a eliminação de criadouros do mosquito, o uso de repelentes e a adoção de práticas que evitem o acúmulo de água parada. Além disso, ressalta a necessidade de buscar assistência médica ao surgirem sintomas da dengue, contribuindo para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. O enfrentamento dessa epidemia demanda a colaboração de toda a sociedade e a atenção constante às condições climáticas que continuam a favorecer a proliferação do Aedes aegypti.