Uruguaiana registrou o maior índice de abstenção nas eleições municipais de 2024, com 33,79%. Esse número supera outras cidades de grande porte, como Porto Alegre, que teve 31,51% de abstenção, colocando Uruguaiana no topo do ranking estadual. Uma das razões apontadas para essa alta abstenção é o êxodo populacional, fruto da crise econômica que afeta a região há anos.
De acordo com o Censo de 2022, Uruguaiana foi uma das cidades gaúchas que mais perderam população, com queda de 6,6%. A situação econômica precária e a falta de oportunidades de emprego têm levado muitas pessoas a deixar a cidade, mas sem transferir seus títulos eleitorais, o que ajuda a inflar a taxa de abstenção. “Acreditamos que isso ocorre pelo número de pessoas que não moram mais aqui, mas mantêm registrado o domicílio eleitoral”, afirma Carlos Delgado (PP), prefeito recém-eleito.
Delgado, que venceu o pleito com 25.732 votos (47,55% dos válidos), obteve 4.259 votos a menos do que o número de eleitores que se abstiveram. Já o vereador eleito Luis Fernando Braite (PDT) atribui parte da abstenção ao desencanto da população com a política local. Segundo ele, a ausência de uma oposição forte na Câmara Municipal e a falta de confiança na gestão atual contribuíram para que os eleitores optassem por não votar. “A pessoa prefere justificar ou pagar a multa do que participar”, observa Braite.
Outro fator apontado tanto por Delgado quanto por Braite foram os problemas técnicos com urnas eletrônicas, que precisaram ser reiniciadas, provocando longas filas e, em alguns casos, desistência dos eleitores. A Câmara Municipal planeja realizar uma audiência pública para discutir o problema com a Justiça Eleitoral.
A alta abstenção em Uruguaiana levanta questões sobre o futuro da participação política na região, com desafios que vão além da esfera eleitoral, tocando em questões estruturais e econômicas que continuam a impactar a vida local.
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