Uruguaiana (RS) – Após anos de mobilização e articulações políticas, a criação do Hospital Universitário do Pampa (HUPampa) em Uruguaiana dá novos passos concretos. Com previsão de 180 leitos e atendimento 100% via SUS, a unidade será voltada a procedimentos de média e alta complexidade, atendendo a população da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul e áreas transfronteiriças. O projeto, que está em tramitação desde 2011, teve avanços importantes durante audiência pública realizada em 25 de abril, promovida pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa e pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
Atualmente, a região da Fronteira Oeste, que abrange cerca de 510 mil habitantes distribuídos em 13 municípios, não conta com um hospital público regional. Pacientes precisam percorrer longas distâncias até cidades como Santa Maria, Ijuí ou Porto Alegre em busca de atendimento especializado. O hospital universitário promete suprir essa lacuna e fortalecer a estrutura de saúde pública local.
A proposta, que ficou em 7º lugar no programa Brasil Participativo em 2023, já passou por análise técnica da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). A estatal deu parecer positivo ao projeto, condicionado à destinação de uma contrapartida de R$ 7 milhões para o desenvolvimento do projeto arquitetônico e complementares. Desses, R$ 5,5 milhões já foram anunciados ao fim da audiência pública, por meio de emendas parlamentares.
Entre os parlamentares que destinaram recursos estão os deputados federais Fernanda Melchionna, Maria do Rosário, Heitor Schuch e Covatti Filho, além dos senadores Luis Carlos Heinze e Paulo Paim. A deputada estadual Sofia Cavedon (PT), vice-presidente da Comissão de Educação, lidera as articulações e defende que o hospital representa não apenas um ganho para o sistema de saúde, mas também para a educação e o desenvolvimento regional. “São impactos diretos para a população e para os mais de mil acadêmicos da Unipampa em Uruguaiana”, afirmou.
A Unipampa será responsável por desmembrar uma área de 5 hectares de seu campus para a instalação do hospital. Também caberá à universidade conduzir o processo de licenciamento, contratação e fiscalização da obra, além da aquisição de equipamentos e mobiliários. A unidade será um centro de formação, pesquisa e extensão, com novas vagas para o curso de Medicina, programas de Residência Médica e multiprofissional, além de envolver cursos de outras áreas da saúde.
As especialidades sugeridas para o hospital incluem Cardiologia, Pediatria, Gastrologia, Saúde Mental, Neurologia (adulto e infantil), Traumatologia e Ortopedia, além de uma possível ala de atendimento materno-infantil.
Para viabilizar os recursos necessários, a Associação dos Municípios da Fronteira Oeste (Anfro) propôs a criação de um fundo comum entre os 13 municípios da região, reforçando o compromisso coletivo com o projeto.
O Hospital Universitário do Pampa se configura como uma conquista histórica para a Fronteira Oeste, unindo saúde pública de qualidade, formação profissional e desenvolvimento regional. A expectativa é de que, com a consolidação do financiamento e início das obras, a realidade da saúde na região passe por uma transformação significativa nos próximos anos.