A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, apresentou detalhes sobre as cinco rotas de integração sul-americana, cujas obras devem receber investimentos provenientes de um acordo entre o governo brasileiro e instituições multilaterais, anunciado durante a cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está entre os financiadores, e a ministra enfatizou que não há objeções quanto a projetos que conectem a reserva de Vaca Muerta, na Argentina, ao Brasil, visto que isso contribuiria para a redução dos custos de fertilizantes para os agricultores brasileiros. “Não vejo problema em uma rota de integração com o sul do Brasil. Temos interesse, sim, em Vaca Muerta. Os argentinos descobriram uma reserva imensa de gás, e a gente tem interesse sim em uma rota de integração com Uruguaiana, mas para evitar questionamentos, a ideia do BNDES é financiar da porteira para dentro”, afirmou Tebet durante a apresentação das cinco rotas.
O acordo, denominado “Rotas de Integração”, inicialmente prevê cerca de R$ 50 bilhões (US$ 10 bilhões) provenientes de quatro bancos e instituições financeiras multilaterais, destinados a financiar projetos de infraestrutura nos estados e municípios sul-americanos para promover a integração regional. Um fundo será estruturado para gerenciar esses recursos, com a gestão ainda a ser definida, e a primeira reunião para esse fim está programada para fevereiro de 2024. Tebet destacou que outros bancos multilaterais expressaram interesse em participar do projeto. Ela detalhou as cinco rotas de integração regional, incluindo projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prevendo a conclusão até 2027.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) comprometeu-se a aportar o maior valor, US$ 3,4 bilhões, seguido pelo BNDES e pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), ambos com US$ 3 bilhões cada, e o Banco de Desenvolvimento da Bacia do Plata (Fonplata) com US$ 600 milhões. O BNDES financiará prioritariamente as obras das cinco rotas no Brasil, enquanto as demais instituições atuarão nos países vizinhos.
Simone Tebet ressaltou que o acordo visa facilitar o comércio entre o Brasil e os países vizinhos com a Ásia, encurtando distâncias e impulsionando o turismo regional. Essas rotas, segundo ela, podem reduzir em até 20 dias o tempo de transporte de cargas da indústria e do agronegócio do Centro-Oeste do Brasil para a China. Além disso, o acordo busca aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e sul-americanos, fortalecendo os laços culturais entre os países vizinhos.