Um tamanduá-bandeira, espécie considerada extinta no Rio Grande do Sul há 130 anos, foi fotografado no norte do Parque Estadual do Espinilho, na Barra do Quaraí. A imagem foi divulgada pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) somente neste mês de janeiro, apesar do primeiro registro ter sido feito em junho deste ano.
Na ocasião, o flagrante surpreendeu um grupo de ambientalistas que fazia uma expedição em busca de animais silvestres na Unidade de Conservação da Barra do Quaraí. Os pesquisadores instalaram os equipamentos fotográficos acionados a distância para registrar os habitantes do parque em estado selvagem com a menor interferência humana possível. Não esperavam, todavia, captar a imagem de um tamanduá-bandeira, descoberta agora considerada muito importante.
“A gente acredita que esse bicho seja uma expansão do trabalho de reintrodução feito na Argentina, lá em Esteros del Iberá, do trabalho da Fundação Rewilding. Esses animais estão adentrando o Rio Grande do Sul. No Uruguai, o tamanduá também já tinha sido extinto no mesmo período em que isso aconteceu aqui no Pampa brasileiro”, explicou o biólogo Fábio Mazim, que atua no Parque do Espinilho e faz parte do grupo responsável pelo registro.
Após a primeira aparição, outras imagens da espécie foram obtidas no mesmo parque. As captações foram feitas em turnos distintos, nos meses de julho, agosto e setembro. Conforme o biólogo da Unidade de Conservação, não foi possível concluir se todos os registros correspondem ao mesmo animal ou se haveria uma dupla. A única certeza é de que há ao menos um novo inquilino no parque.
Além de ressaltar a riqueza da biodiversidade na região, a descoberta demonstra a importância do Parque do Espinilho para a pesquisa e a conservação de espécies raras e ameaçadas. A descoberta do tamanduá-bandeira no RS será relatada em um trabalho científico, desenvolvido em colaboração com pesquisadores da Argentina e do Uruguai.
Animal recebeu esse nome por ter o formato da cauda semelhante ao de uma bandeira. Foto: Reprodução
Função ecológica
O tamanduá-bandeira é um mamífero nativo da América do Sul e recebeu esse nome por ter o formato da cauda semelhante ao de uma bandeira. São animais com função ecológica de extrema importância, que consiste na adubação da terra, uma vez que se alimentam de insetos e acabam espalhando resíduos e nutrientes pelo solo.
Quando atingem a idade adulta, são animais solitários. Não são ágeis nem agressivos, a menos que se sintam ameaçados. Apesar do tamanho e do peso, conseguem se proteger de predadores sobre as árvores, graças ao auxílio de suas garras.
O Parque Estadual do Espinilho é uma Unidade de Conservação do bioma Pampa, sob responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). O local é considerado importante para a conservação de uma formação vegetal exclusiva da região, com espécies características, como a árvore que deu origem ao nome da unidade. Além da formação vegetal única, várias espécies da fauna estão associadas a esse tipo de formação e dependem do parque para sua manutenção.