Nas quatro primeiras semanas de 2024, o Rio Grande do Sul já enfrenta um significativo aumento nos casos de dengue, totalizando 1.595 registros, em comparação aos 88 casos do mesmo período em 2023. Esse incremento representa um aumento de 18 vezes em relação ao ano anterior, conforme revelado pelos dados do Painel da Dengue da Secretaria de Saúde do Estado. Atualmente, o Rio Grande do Sul apresenta 1.622 confirmações, refletindo um acréscimo de 27 casos nos últimos três dias.
A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do RS, Tani Ranieri, enfatiza que estão observando uma antecipação da sazonalidade dos casos, algo inédito para o estado. Tradicionalmente, o pico de incidência ocorre em abril, mas a situação atual pode ter contribuído para essa mudança.
Tani destaca que diversos municípios do RS estão infestados, e os eventos climáticos, como calor excessivo e chuvas, têm propiciado o aumento da proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, especialmente em áreas com acúmulo de lixo.
— Neste momento, observamos uma maior concentração de casos no Noroeste, próximo à divisa com Santa Catarina. Apesar de não termos uma incidência generalizada, estamos em um período de crescimento. Antecipamos um ano desafiador — complementa Tani.
Quanto à vacinação, o Rio Grande do Sul encontra-se fora da lista de Estados contemplados com as primeiras doses da vacina contra a dengue, conforme anunciado pelo Ministério da Saúde. A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica esclarece que o critério de priorização considerou municípios com maior incidência e faixa etária jovem, não condizendo com a atual situação do RS, que não apresenta concentração significativa em crianças e adolescentes.
Tani alerta que a exclusão terá impactos a médio e longo prazo, ressaltando a importância de um combate efetivo ao mosquito transmissor e da conscientização da sociedade.
— A eficácia na gestão da saúde pode salvar mais vidas do que a atuação intensiva. Uma organização com locais de referência para tratamento, uma equipe dedicada ao diagnóstico e esforços preventivos certamente resultará na redução de casos graves.
Em âmbito nacional, dados do Ministério da Saúde indicam que o Brasil já registrou mais de 217 mil casos de dengue nas primeiras quatro semanas deste ano, mais que o triplo do mesmo período em 2023, que contabilizou 65.366 casos. O balanço nacional ainda aponta para 15 mortes confirmadas pela doença em 2024, enquanto pelo menos 149 óbitos estão sob investigação.